Moda na presença de Deus

sábado, abril 12, 2014

“Do mesmo modo, quero que as mulheres usem traje honesto, ataviando-se com modéstia e sobriedade.” (1 Tm 2,9)

É a Bíblia quem nos diz que a modéstia no vestir é uma virtude a ser vivida, sobretudo pelas mulheres. Os homens, visuais que são, podem vir a tropeçar naquilo que desagrada a Deus quando expomos nossos corpos demasiadamente e alimentamos a sua imaginação. O pecado é deles, certamente, mas quantas vezes não favorecemos os pensamentos impuros dos homens com a nossa imodéstia e a nossa conduta que passa longe da sobriedade? Também seremos julgadas por isso, queridas. Atentemos, pois, à mensagem que as nossas vestes passam.

Com elas também devemos glorificar a Deus. Nada do que fazemos passa longe da conduta moral que o Senhor nos pede e sempre podemos dar glória a Ele por nossos atos, inclusive com nossa vestimenta honesta. “Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo que está em vós e que recebestes de Deus, e que não vos pertenceis? (...) Glorificai, portanto, a Deus no vosso corpo.” (1Cor 6,19-20)

A mulher de Deus deve, pois, andar na presença de Deus. Seus pensamentos, suas atitudes, seu dia a dia, deve ser sinal d'Aquele que nos resgatou ao preço do Seu próprio Sangue - resgate esse que recordaremos solenemente na Sexta-feira Santa que se aproxima e que se faz presente sobre o altar em cada Missa. Também a moda deve ser usada na presença de Deus e os critérios da mulher cristã devem ser os critérios de Cristo, não os do mundo.



Isso não significa que tenhamos que nos apagar como mulheres, negar o corpo feminino que Deus nos deu, e nos vestir em um saco ou pegar a cortina da vovó pensando ser um vestido (ou a capa de bujão de gás como se saia fosse). A modéstia não precisa ser cafona. É preciso ser modesta, mas também elegante! E algo do corpo feminino sempre vai ser mostrado - desde que não sejam partes que excitem os homens ordinariamente ou que não devam ser reveladas exceto ao marido. A modéstia não é o conjunto das normas puritanas da sociedade vitoriana - leiam Jane Austen para entender isso (recomendo o recente livro de Elizabeth Kantor sobre a obra de Austen e os relacionamentos amorosos, publicado pela Realejo). Comparar o traje da mulher honesta medieval, que mostrava, sim, a feminilidade com graça, com naturalidade, com elegância, com dignidade, e o traje da mulher honesta vitoriana ou de outros ambientes puritanos (que, confesso me arrepiar, infelizmente têm tomado conta até mesmo de grupos católicos brasileiros que pelejam pela modéstia de um jeito, a meu ver, equivocado em suas aplicações), já mostra isso. A vitoriana, a puritana, a pietista, podem ser modestas, podem ser femininas, mas lhe faltam algo de graciosidade, e a dignidade, mesmo que seja invocada para proteger os corpos e o pudor, por vezes não é ressaltada, na medida em que a mulher acaba se escondendo e não mostrando plenamente quem é.
véu
De fato, não é porque algo é bonito que deve ser mostrado e nosso corpo, tesouro que é, precisa ser preservado. Todavia, isso é feito de modo natural e sem cair na gnóstica idéia de que o corpo é impuro. A mulher deve preservar suas formas, não escondê-las absolutamente.

A Bíblia fala da mulher virtuosa na famosa passagem de Provérbios 31. Ela tem graça e sabedoria, é laboriosa, seu marido é honrado nela, seus filhos a louvam, é caridosa e forte, sabe que se a beleza é vã, deve cultivar a inteligência e dar amáveis instruções. Pois bem, essa mesma mulher virtuosa de Provérbios se veste bem, é elegantíssima: “suas vestes são de linho fino e de púrpura.” (Pv 31,22)

Se andamos no mundo, mas não somos do mundo, devemos nos vestir no mundo sem nos vestir como o mundo. Isso não nos isenta da responsabilidade de, ao transmitirmos Cristo pela modéstia, pregarmos a pureza, também transmitir Cristo pela elegância e pelas formas contemporâneas de nos vestir, pregando, assim, a beleza. Pureza e beleza, ambas são manifestações divinas. Que nossas roupas não espelhem apenas uma, e assim, melhor simbolizando a moda que não passa - a fé em Jesus -, possamos usar da moda que passa sempre na presença do Senhor.

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3 comentários

  1. Perfeito. Embora a glória da Filha do Rei lhe venha do interior, ela está vestida com veste esplendente de ouro de Ofir... (sl 44).

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  2. Sara Talita,

    A autora, eu, sou católica. Portanto, meus valores são passados necessariamente em minhas postagens. Porém não se trata de blog religioso. Não deixa, todavia, de ser um apostolado, pois os leigos fazem apostolado não necessariamente em instâncias eclesiásticas, mas na vida comum, ordinária, nos seus afazeres cotidianos, lazer etc. Este é um blog de moda, e claro que não defenderei qualquer moda, mas uma moda pautada nos princípios que eu, como católica, acredito, como a dignidade da mulher, o recato, a modéstia, e a elegância como expressão da caridade e do amor a Deus e ao próximo.

    Por que a pergunta? :)

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